Oficina Danças e Expressões

O maracatu de baque virado, o coco de roda e a dança dos afoxés com a dança dos Orixás, compõem o repertório da oficina Danças e Expressões, coordenada pela bailarina e antropóloga Laís Salgueiro que ministra aulas semanais.

As aulas e seus desdobramentos corporificam e delineiam esses interesses de pesquisa, fincando alguns pilares para a construção de um corpo de dança a partir de uma perspectiva artística e pedagógica plural e decolonial. Esses pilares trabalham os processos históricos e políticos das danças negras, seus repertórios de movimento, a consciência corporal de cada aluna e a experiência de processos criativos em dança.

Aprofundando os processos de criação, artísticos e coletivos, a oficina cria uma ala para o bloco de carnaval em 2018, desenvolvendo, além dos ensaios de rua, a montagem de coreografias e confecção dos próprios figurinos durante as aulas. Resultando também, em apresentações, como as coreografias para Iansã e Oxum com as toadas do Maracatu Nação Estrela Brilhante de Recife, realizadas em 2020.

Esses processos fortalecem os laços entre a turma e a proposta da aula, ampliando suas vivências e suas perspectivas de mundo para relações com base na troca e na cooperação – tudo isso a partir da dança!

Criada em 2013, a oficina de dança do Grupo Maracutaia, já teve como professores, Tyaro e Sofia Feijó e, hoje, desenvolve em seus projetos, o intercâmbio ativo com outros bailarinos e mestres em dança.

Alguns trabalhos em destaque

PROJETO AJÔ E ENCANTAMENTOS

A palavra Ajô, que dá nome ao projeto, surge no vocabulário do grupo, a partir da vivência da professora Laís Salgueiro e outros integrantes do Maracutaia, no Ilé Axé Omolu Omyn Layó, com o  babalorixá Dofono d’Omolu e o uso frequente de termos em yorubá, como “fazer um ajô no ilê”, ou seja, reunir, encontrar, celebrar no terreiro. 

Com o objetivo de multiplicar os encontros, o projeto Ajô foi criado em 2017, no processo das aulas, realizando convites a mestres e artistas de maioria negra, com diferentes linguagens artísticas e foco na dança.

Fotos: Sérgio Feijó

PROJETOS E DINÂMICAS ONLINE: 2020

Desde a sua criação, a oficina Danças e Expressões sempre aconteceu de forma presencial, porém, com a pandemia da covid-19, em 2020, foi necessária a adaptação para o formato online, buscando manter os laços, muitas vezes desconectados pelo isolamento social. 

As dinâmicas online, foram divididas em quatro partes de pesquisa e experimentação corporal:

O módulo de abertura recebeu as alunas antigas, com a colaboração da escritora Valéria Fernandes, para uma proposta de escrita de memórias/ancestralidades. 

O segundo módulo, chamado “Cruzos e Rodopios”, tem como inspiração conceitual a “Pedagogia das Encruzilhadas” de Luiz Rufino. Para explorar os “cruzos”, foram realizados os encontros de “Mulheres negras que dançam”, com aulas das mestras e bailarinas G’leu Cambria, Ludmilla Almeida e Luna Leal. Já os “rodopios”, movimentaram o processo criativo com as alunas – mulheres de diferentes gerações, camadas sociais, culturais e raciais – que culminou com o vídeo-performance Entre Cruzos editado por Ferran Tamarit.

O terceiro módulo chamado “Carnaval e a dança do Maracatu” contou com a participação de Mestre Maurício Soares – Baiana Rica do Maracatu Nação Estrela Brilhante de Recife. A partir das provocações do mestre em diálogo com a professora, foram realizados trabalhos em dança e apresentações teóricas em torno da história do Maracatu de Baque Virado.

O quarto e último módulo online, chamado “Toadas do Maracutaia – criação de vídeo performance” teve como base as toadas autorais do Maracutaia lançadas no  Ep  “Todas do Bloco”, em 2021. A partir da gravação inédita de Pisa Ligeiro e de estímulos sensoriais e imagéticos presentes em nosso cotidiano que refletem o universo dos terreiros de candomblé, foi desenvolvido um processo coreográfico, individual e coletivo, e uma narrativa para um vídeo performance ainda em construção.